quinta-feira, 19 de março de 2009

informação organizada, ou quase

Um dos grandes desafios do estudo da Biblioteconomia é a recuperação da informação, principalmente com bons níveis de precisão. E é exatamente essa área que os autores desse livro abordam. Utilizando-se de técnicas ora tradicionais ora inovadoras, um problema como esse - em um mundo onde a produção do conhecimento não para de crescer – demanda muito estudo e muita pesquisa.

Algumas autoras, como Moura, buscam uma saída por meio da principal ponte entre a informação e o leitor/pesquisador/usuário: o bibliotecário ou profissional da informação – já que temos nessa área o museólogo e arquivista também, dentre outros. Como entender essa questão tão complexa, que é a ideal busca informacional, se não partimos do pré suposto de que ela é feita com uma ajuda muito grande de um profissional, e que é preciso entendê-lo também? Com um artigo que fala sobre o leitor-bibliotecário ela trabalha o tema da necessidade de que profissional não só exerça suas atividades bibliotecárias apenas, mas que na leitura – plena ou não, já que não vivemos em mundo ideal – de sua matéria prima, informação, ele saiba como, porque e para quem representar a mesma. É vital que ele aja de forma racional sua atividade leitora.

Outros textos já tentam abordar a importância da tecnologia e sua aplicação nessa área de organização informacional. Assim, vemos em análise uma das novas áreas de estudo em voga no meio biblioteconômico, a biblioteca digital. Como organizar um sistema como esse de modo que o usuário possa usufruir satisfatoriamente dessa tecnologia? E como sempre entramos com o nosso grande e querido problema... a indexação da informação, sua classificação para uma ótima saída/recuperação. Se já é difícil realizar essa tarefa em suporte físico, quem dirá em um suporte virtual, onde a produção é muito menos burocrática e mais dinâmica? Caminhos como a utilização de linguagens de marcação e metadados são mostrados, assim como a discussão do atual uso dos hipertextos. Sem esquecer uma nova abordagem de indexação, os sintagmas nominais. Aliás, temas esses que devem ser, pelo menos, conhecidos por afins da área, já que é algo que não pertence mais ao futuro.

NAVES, Madalena Martins Lopes; KURAMOTO, Hélio (Org.). Organização da informação: princípios e tendências. Brasília: Briquet de Lemos/Livros, 2006. 142 p.

quarta-feira, 18 de março de 2009

relativismos

“(...) mais do que isso, o homem passou a ser considerado um ser que está acima de suas limitações orgânicas.” p. 36

Não há como pensarmos na humanidade sem nos lembrarmos de toda sua abundância em nefastos atos. Um emaranhado de atitudes e realizações que poderiam nunca ter acontecido. Intolerância, crueldade, fanatismo, verdades, mentiras. Tudo o que poderíamos encaixar no vocábulo “desumanidades”. Mas como algo é desumano se o próprio humano, radical antropológico e gramatical da palavra, o faz? O sentido todo é que corremos atrás de uma superficialidade existencial que não nos pertence, pelo menos ao grupo. Caso contrário, o mundo estaria muito melhor. Ou melhor! Sistemas econômicos estranguladores não vingariam, crenças estúpidas e marginalizadoras não criariam fiéis, o autoritarismo e o fanatismo não ganhariam seguidores dentre outras tantas desgraças – e digo (des)graças no sentido de “graça” ser algo esperado por uma mente/ser provido de justiça e de bom senso dentro de suas perspectivas sociais.

E mais uma vez, para entender toda essa confusão que é a minha espécie e o mundo onde eu vivo, e que eu ajudo a destruir, Laraia ajudou bastante. Não que ele tenha me devolvido a inocência que há tempos perdi, de que a vida é apenas para ser vivida, e que ela assim... desse jeito, normal. Ele nos mostra, por meio de sua especialidade acadêmica, que o homem é um ser altamente dinâmico, e que consegue ter uma característica que o diferencia dos outros seres, a produção cultural, a racionalidade – ou algo equivalente.

Tudo bem. Somos seres privilegiados por essa dádiva cerebral. Mas a partir do momento que você começa a entender – sendo esse entendimento coeso ou não – que é justamente essa característica que permite o homem ser o que é, nada fica melhor. É melhor ser um cachorro e não ter a vontade de matar um semelhante por interesses não vitais, ou não querer alienar toda uma massa para o seu único exclusivo ganho, do que ser um humano que tem a capacidade de criar uma obra artística, que consegue por meio de enes instrumentos e meios levar outro humano a um sentimento catártico e supremo de entendimento racional?!

Temos que pagar o preço então. Porque se temos mais de 5000 anos de existência e não conseguimos achar uma tolerância mundial entre nós mesmos, não há esperanças de que algo mude para melhor. Mas puxa! Somos humanos, e temos todas as ferramentas – racionais ou não – para mudarmos isso. Prefiro pensar assim às vezes.

E nesse bojo de realidade acre que temos que engolir – fazendo ou não fazendo nada para melhorá-la – temos um estudo sobre as relações humanas no que tange sua produção cultural = existência humana. Se todos entendessem que culturas diferentes podem ter valores de importância iguais, talvez, por aí, encontraríamos um caminho menos doloroso de respirar.

Respeito e racionalidade contínua.

LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. 21. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007.117 p.

terça-feira, 17 de março de 2009

água salgada


É. Histórias podem virar grandes sucessos de venda, mas ainda continuam a ser histórias. Acho que às vezes cansa mesmo ficar tentando “cognitar” tudo conscientemente. Então vamos apenas ler. Atrofiar um tinquim.


Com um herói já patenteado, o livro parece fazer parte de uma série de aventuras desses personagens que possuem como principal habilidade o mergulho e demais atividades marinhas.


Como um livro de aventura, esse não deixa de ter um capítulo sem emoção. Novamente usando uma linguagem bem fácil de ser levada, chegando ao ponto de ser piegamente brega nas descrições dos personagens e suas características.


Mas o mais importante é quando ele fala de Júlio Verne. E, particularmente, pelo fato de que eu não li nenhum dos dois livros mencionados no enredo pelo autor – Vinte mil léguas submarinas e A Ilha misteriosa. Acho que os capítulos que ficamos imaginando se a aventura do Capitão Nemo foi verdade ou não, vale pelo resto das quatrocentas e tantos páginas. Além, claro, das informações acerca de barcos, navios e submarinos que existem no livro, a gente sempre acaba aprendendo essas novidades tão distantes de nosso cotidiano. Dessa vez eu já sabia o que era bombordo e estibordo... A parte sobre os Vickings também não deixa de ser bem empolgante e misteriosa.


Não tão interessante como Shackleton, mas bonzinho para passar o tempo. Apesar de uma menina roubando livros e escondendo um judeu em plena segunda guerra mundial seja mais legal.


CUSSLER, Clive. Terror nos mares. Tradução de Samuel Dirceu. Rio de Janeiro: Geração Editorial, 2007. 500p


sexta-feira, 13 de março de 2009

agradabilidade (?)

Admito. Meu (pré)conceito a livros rotulados Best-sellers ainda atinge grandes níveis de repulsa. Não que eu ache que todos sejam ruins, ou não dignos de serem lidos. Mas sim que existem tantos outros vitais que precisamos ler antes, que soa como perda de tempo. Mas enfim, na ocasião não tinha muitas escolhas. E para falar a verdade, um livro com esse título com certeza me chama a atenção.

Logo percebo que a forma remete a uma rotulação de como se vender livros. Linguagem fácil e confortante, daquelas que você lê vinte páginas achando que foram duas. Trama com quesitos essenciais para boa vendagem: suspense, amor, aventura, medo, morte, alegria. Mas então... a vida.

Uma história bem bunitinha e querida. Principalmente quando o leitor em questão entende – um pouco, dentro da possibilidade humana - da importância dos livros e suas palavras na história da humanidade.

A menina que roubava livros coloca em choque sentimentos humanos dos mais controversos e cruéis, o que não deixa de ser normal. Em um país onde a tolerância é mínima, crianças vão crescendo e transformando seus mundos, principalmente uma menina, com seus livros de baixo do braço e um judeu no porão.
ZUSAK, Markus. A menina que roubava livros. Tradução de Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2007. 480 p.

terça-feira, 10 de março de 2009

nada


Como um bom poeta já falou: antes de mais nada...tudo.
É isso. Tudo.
Milhões de dúvidas e de respostas foram encontradas. A confirmação da amnésia temporária humana foi irrestrita.Não me atrevo mais. Não agora.


GOETHE, Johann Wolfgang von. Fausto. Tradução de Sílvio Meira. São Paulo: Abril Cultural, 1983. 277 p.