quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Desafio (?!)


Acho que até hoje não encontrei nada de perfeito na vida. De repente seje porque nada é estático, logo o que hoje é bom amanhã depois de uma nova experiência já não o é. Até uma das minhas mais recentes descobertas "perfeitas" possui suas variações, por assim dizer, gosta de A-ha, enfim.
Isso para entender que a Biblioteconomia é sim algo maravilhoso, muito mesmo, mas para que ela tenha chegado ao que é hoje, e ao que foi ontem, o tal do dignóstico, projeto e planejamento tiveram que dar muita base estrutural. E é disso que Maria Christina fala em seu livro. Planejamentos de bibliotecas, como o próprio título super explicativo indica.
Sinceramente não é minha área de interesse e nem de afinidade. Há muitos conceitos administrativos que não entendo bem e muito método a ser seguido. Mas não desconsidero que é algo extremamente importante para que existam boas bibliotecas e más também.
Partindo da idéia que nada é perfeito (!), é necessário primeiramente uma avaliação da unidade de informação, e a partir de seus pontos fortes e fracos criar um planejamento que atenda à demanda que ali se encontra. E se a biblioteca não é sua, e se a estrutura financeira e humana não forem depender exclusivamente de você, é evidente que se faz necessário o mínimo de formalidade, um planejamento.
Nesso livro, de uma forma bem didádica, encontramos passo a passo os meios de construção de um bom planejamento condizente com a realidade da biblioteca em questão. Tanto uma que já existe, quanto uma que ainda está na planta.
Aprendi muito com essa leitura, não muito animada admito, principalmente porque não entendo muito desse mundo das decisões gerenciais, das políticas de fundos financeiros, questionários e suas metodologias e muito mais por aí. Mais entendi e gostei das questões que um bom planejamento - e lógico, uma boa aplicação do mesmo - pode contornar e solucionar em nossas, em sua maioria, necessitadas bibliotecas.
A apreensão passeia na preocupação da burocratização que planejamentos e mais planejamentos podem causar. É preciso que esteja bem claro que só eles de nada adiantam.
A Biblioteconomia ainda continua linda para mim. E vamos lá tentar em um semestre fazer um decente planejamento, que venha PSI!
ALMEIDA, Maria Christina Barbosa de. Planejamento de bibliotecas e serviços de informação. 2. ed. rev. e ampl. Brasília: Briquet de Lemos, 2005. 144 p.

sábado, 23 de agosto de 2008

Ainda o Brasil.



Pré-realismo, Romantismo ou Pós-romantismo. Não importa muito. O legal é que os escritores brasileiros deixam, a partir de então, aos poucos para trás aquela melação das mocinhas e mocinhos, do pseudo-nacionalismo, a distorcida idéia do bom selvagem e passam a tratar a sociedade brasileira de uma forma mais sincera.
Um protagonista errado, torto e tosco muitas vezes, vai permeando o cenário do Rio de Janeiro monárquico, ainda. Podemos ver algumas regras caindo e outras se construindo. O mestre-de-cerimônias - um padre - que não é de todo obediente às leis de sua igreja é mostrado de forma cômica pelo o autor que nos leva a observar que aquele Brasil já estava se modificando há muito. O poder da polícia - que ainda engatinhava - tomando cada vez mais força e a percepção que os anos de 1870, com guerras do paraguai, eusébios de queiroz vão influênciando novos comportamentos.
O amor aqui, não é o primeiro amor. Que sim, é importante, porém nem sempre o eterno. Talvez enquanto dure. O amor pode está naquilo que te desperta uma nova visão, um novo que ainda não havia encontrado em outra ou outro. Mas amanhã, bom, o amanhã vai ter que esperar para ver se ele, o amor, vai durar.
Um novo tom irônico, personagens nada previsíveis, intervenções na leitura e nos leitores, início de uma nova maneira de descrição. Que mais um pouco encontraríamos em outras memórias, em um Machado.
Não tenho maturidade e nem técnica para analisar de fato o romance. Mas a minha sensação logo após ler a última página foi a de está pronta para outros, isso para mim é sempre bom.
ALMEIDA, Manuel Antônio da. Memórias de um sargento de milícias. São Paulo: L&PM Pocket, 2002. 220 p.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Superestrutura


Partindo de uma análise materialista, este livro observa o nosso filhote Brasil em seus primeiros anos de política oficial, por assim dizer.
Terras dadas a rodo para portugueses que tinham a simples missão de colonizar um território recém invadido de grandíssimas proporções. Portugueses, dos quais poucos alcançam o objetivo proposto em vista de sua dificuldade, se transformam nos donos de grandes porções de terra, e que depois com a ajudinha - tardia - de Portugal recebem uns companheiros nas Sesmarias. Anos depois uma lei básica da lógica agrária no Brasil é empedrada - e até hoje vergonhosamente predominante -, um pequeno número de grandes latifundiários que dominam o controle sobre a terra brasileira. Mas eis que de repente surge um pequeno Bonaparte e enchota nossa tão "tradicional" família real para sua, agora, recém metrópole. A situação de poderio econômico começa a inverter. Agora os portugueses que dominavam o comércio e ficavam léguas atrás dos, já então, "brasileiros" fazendeiros/barões possuem uma ajuda quanto a sua ascensão: a sede do Império Português é aqui, nesse terra linda que tanto os deu lucros. Começa o início das disputas.
Sempre colocando a questão econômica como determinante, ou ao menos muito determinante, Prado Jr. vai pincelando superficialmente, como ele mesmo afirma, alguns dos caminhos que a política brasileira foi traçando de 1600 a 1889. Burguesia versus latifundiários. E no meio de tudo, e não menos influentes, os não abastados pelas regalias, os que tinham que lutar por algo tão nato do ser humano, a liberdade. O conjunto das revoltas, das disputas diplomáticas, das mudanças regimentais, os partidos políticos, e mais um bucado de importantes acontecimentos são lembrados de forma simples nesse breve livro, que me fez relembrar e reaproveitar muito.
Quanto aos ameríndios serem classificados como "bárbaros" para o autor, prefiro pensar que era um termo usado em 1933 para designar o que se tinha de mais pleno e sincero em termos de convívio humano na nossa mal tratada terra querida.
PRADO JR., Caio. Evolução política do Brasil: colônia e império. 16. ed. São Paulo: Brasiliense, 1987. 102 p.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

livro, livro e livro



Não tem como não começar com uma das melhores partes do livro:
"Dizem que um poeta francês foi uma vez apresentado a um riquíssimo banqueiro*. O apatacado personagem perguntou ao poeta:
- Para que serve a poesia?
E o poeta respondeu-lhe:
- Para o senhor, não serve para nada."
*Banqueiro e não bancário.

Com irônicas alfinetadas, Moraes cumpre o que propõe ao início do livro, um agradável bate papo sobre livros (!). E para aqueles que adoram um cheirinho de livro novo, ou cuidar com especial atenção daquele outro velhinho, enfim, quem já passou por sensações que só um livro pode proporcionar antes, durante e depois de sua leitura se sentirá confortável por essas páginas.

Novas descobertas, como a de que a imprensa não chegou com a família real e sim em 1747 com um outro português, como reconhecer que um livro antigo - que ainda não eram paginados, algo contemporâneo - está sem uma página ou foi reconstituído, a diferença entre coleção Brasiliana e Brasiliense, que bibliofilia é um exercício diário e que é enriquecido apenas com a experiência.

Tudo bem que Moraes às vezes é um pouco rigoroso, e acaba nos insultando de leve de uma forma dura, e que seu alto conhecimento na área deixa a desejar nas questões de relativismo e de regionalismo. Algumas poucas vezes me parece que certas observações carregam preconceitos bobos, que a mim não seriam permitidos a uma pessoa como ele. Uma hipótese muito grande de eu está com uma percepção errada é muito mais provável, eu sei.

Por segundos, em alguns parágrafos, deu uma vontade de colecionar livros de uma área tal. Mas logo percebi que não daria certo, iria querer ler todos, ou os emprestaria e, então, seria muito mal sucedida na proposta. Prefiro ter aqui em cima, nas prateleiras, só os mais chegados e queridos.

Bibliófilos seriam um dos guardiões da cultura nacional e mundial, uma das idéias que me vêm quando lembro destes. Porém me parece que também são guardiões no sentido maléfico. Porque é complicado um bibliófilo deixar que seu acervo seja consultado por pessoas de fora, ao mesmo tempo que se deixar, o mesmo logo ia se acabar, já que a maioria das obras são antigas. Uma boa conversa daria essa questão, olha aí Moraes!

Bibliofilia: Arte de colecionar livros tendo em vista circunstâncias especiais ligadas à publicação deles. (Mini Aurélio).

Ah sim, e se alguém com um ar assim de muito sabido vier me perguntar a partir de agora para que serve biblioteconomia, já sei uma ótima resposta.

MORAES, Rubens Borba de. O bibliófilo aprendiz. 4. ed. Brasília: Briquet de Lemos; Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2005. 207 p.