quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Superestrutura


Partindo de uma análise materialista, este livro observa o nosso filhote Brasil em seus primeiros anos de política oficial, por assim dizer.
Terras dadas a rodo para portugueses que tinham a simples missão de colonizar um território recém invadido de grandíssimas proporções. Portugueses, dos quais poucos alcançam o objetivo proposto em vista de sua dificuldade, se transformam nos donos de grandes porções de terra, e que depois com a ajudinha - tardia - de Portugal recebem uns companheiros nas Sesmarias. Anos depois uma lei básica da lógica agrária no Brasil é empedrada - e até hoje vergonhosamente predominante -, um pequeno número de grandes latifundiários que dominam o controle sobre a terra brasileira. Mas eis que de repente surge um pequeno Bonaparte e enchota nossa tão "tradicional" família real para sua, agora, recém metrópole. A situação de poderio econômico começa a inverter. Agora os portugueses que dominavam o comércio e ficavam léguas atrás dos, já então, "brasileiros" fazendeiros/barões possuem uma ajuda quanto a sua ascensão: a sede do Império Português é aqui, nesse terra linda que tanto os deu lucros. Começa o início das disputas.
Sempre colocando a questão econômica como determinante, ou ao menos muito determinante, Prado Jr. vai pincelando superficialmente, como ele mesmo afirma, alguns dos caminhos que a política brasileira foi traçando de 1600 a 1889. Burguesia versus latifundiários. E no meio de tudo, e não menos influentes, os não abastados pelas regalias, os que tinham que lutar por algo tão nato do ser humano, a liberdade. O conjunto das revoltas, das disputas diplomáticas, das mudanças regimentais, os partidos políticos, e mais um bucado de importantes acontecimentos são lembrados de forma simples nesse breve livro, que me fez relembrar e reaproveitar muito.
Quanto aos ameríndios serem classificados como "bárbaros" para o autor, prefiro pensar que era um termo usado em 1933 para designar o que se tinha de mais pleno e sincero em termos de convívio humano na nossa mal tratada terra querida.
PRADO JR., Caio. Evolução política do Brasil: colônia e império. 16. ed. São Paulo: Brasiliense, 1987. 102 p.

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