Com irônicas alfinetadas, Moraes cumpre o que propõe ao início do livro, um agradável bate papo sobre livros (!). E para aqueles que adoram um cheirinho de livro novo, ou cuidar com especial atenção daquele outro velhinho, enfim, quem já passou por sensações que só um livro pode proporcionar antes, durante e depois de sua leitura se sentirá confortável por essas páginas.Novas descobertas, como a de que a imprensa não chegou com a família real e sim em 1747 com um outro português, como reconhecer que um livro antigo - que ainda não eram paginados, algo contemporâneo - está sem uma página ou foi reconstituído, a diferença entre coleção Brasiliana e Brasiliense, que bibliofilia é um exercício diário e que é enriquecido apenas com a experiência.
Tudo bem que Moraes às vezes é um pouco rigoroso, e acaba nos insultando de leve de uma forma dura, e que seu alto conhecimento na área deixa a desejar nas questões de relativismo e de regionalismo. Algumas poucas vezes me parece que certas observações carregam preconceitos bobos, que a mim não seriam permitidos a uma pessoa como ele. Uma hipótese muito grande de eu está com uma percepção errada é muito mais provável, eu sei.
Por segundos, em alguns parágrafos, deu uma vontade de colecionar livros de uma área tal. Mas logo percebi que não daria certo, iria querer ler todos, ou os emprestaria e, então, seria muito mal sucedida na proposta. Prefiro ter aqui em cima, nas prateleiras, só os mais chegados e queridos.
Bibliófilos seriam um dos guardiões da cultura nacional e mundial, uma das idéias que me vêm quando lembro destes. Porém me parece que também são guardiões no sentido maléfico. Porque é complicado um bibliófilo deixar que seu acervo seja consultado por pessoas de fora, ao mesmo tempo que se deixar, o mesmo logo ia se acabar, já que a maioria das obras são antigas. Uma boa conversa daria essa questão, olha aí Moraes!
Bibliofilia: Arte de colecionar livros tendo em vista circunstâncias especiais ligadas à publicação deles. (Mini Aurélio).
Ah sim, e se alguém com um ar assim de muito sabido vier me perguntar a partir de agora para que serve biblioteconomia, já sei uma ótima resposta.
MORAES, Rubens Borba de. O bibliófilo aprendiz. 4. ed. Brasília: Briquet de Lemos; Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2005. 207 p.
segunda-feira, 11 de agosto de 2008
livro, livro e livro
Não tem como não começar com uma das melhores partes do livro:
"Dizem que um poeta francês foi uma vez apresentado a um riquíssimo banqueiro*. O apatacado personagem perguntou ao poeta:
- Para que serve a poesia?
E o poeta respondeu-lhe:
- Para o senhor, não serve para nada."
*Banqueiro e não bancário.
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