sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Leitura da história

Um dia entendi que para conhecer, ou ter pretensões de, um povo e sua cultura, precisamos conhecer sua história, seu passado – o que os fez ser o que são hoje. E um bom caminho para começar essa busca é pelo passado cultural e político desse povo. Partindo então da contextualização ocidental, colonizadora e cristã do mundo, indo para a América, temos o Brasil. (será mesmo?).

Logo, podemos nos basear, para fins de conhecimento e história, em informações registradas: documentos e livros.
Estudar a história da leitura de um país é estudar a história e a evolução de seu povo. Daí ser tão pertinente o título do livro – Leitura, história e história da leitura.
Ao passar os vários capítulos contidos no livro, vamos aos poucos entendendo mais da história do Brasil. Seu passado colonial, imperial, republicano, ditador e finalmente republicano novamente.
Acredito que as pessoas são resultado de várias influências que recebem em sua vida – sendo essas influências entendidas como diretas ou contrárias – e saber o que elas leram, ou que as outras pessoas ao seu redor leram é estudar também sua história.
O livro organizado por Márcia nos traz vários aspectos da história da leitura no Brasil. Resultado do I Congresso de História do Livro e da Leitura no Brasil (1998), o livro é composto por 28 textos produzidos para o mesmo, e dividido em duas partes: Histórias de leituras e Leituras em história. Essa segunda parte é divida em outras 6 seções: Bibliotecas e práticas de leitura no Brasil colonial, Bibliotecas e práticas de leitura nos séculos XIX e XX, Censura e livros proibidos, Comércio livreiro e estratégias editorias, Produção e circulação de livros escolares e o Posfácio.
As seções sobre censura e práticas de leituras são muito interessantes. Nos lembram como a leitura foi – e infelizmente ainda é – algo para poucos, isso quando esses poucos conseguiam ler o que queriam, e não apenas o permitido. Mesmo com problemas editoriais, financeiros e de censura ainda foi possível contar a história da leitura no Brasil.
Na seção de livros escolares os ânimos ficam fracos. Saber que esse comércio editorial é um dos mais poderosos do país e um dos mais vendidos – ou seja, muito dinheiro e desrespeito envolvido – não é muito empolgante.
O livro é muito bom, excetuando-se um ou dois artigos muito científicos e mais exaustivos de ler, todas as informações foram produtivas para mim. E tenho certeza que será para todos aqueles que se interessam pelo tema, se não o livro todo, partes.
Não podemos deixar de lembrar que sem as bibliotecas e os arquivos repletos de livros e documentos antigos ou recentes que fazem revisão dos antigos, não haveria matéria-prima necessária para a produção de um congresso e um livro como esses. Há muito pano para manga na discussão da importância do suporte físico: livros e documentos. Os livros ainda são nossa história.

Para dar uma olhada nos capítulos, veja o Sumário.
 
ABREU, Márcia (Org.). Leitura, história e história da leitura. Campinas: Mercado de Letras, 1999. 640 p., il. (Coleção Histórias de Leitura). ISBN 85-85725-52-4.

sábado, 2 de janeiro de 2010

"Ainda guardo renitente..."

Ao som de um mestre e encantadoramente cansada de uma bela viagem, resolvo falar desse pequeno, porém não menos grande, livro.
Quando um assunto, ou melhor, um dos assuntos da sua vida é assim tão foda, nunca há fim para se atrever a enxergar o mais do mesmo. Como se houvesse esse “mais do mesmo” para certas coisas. Para uma história, uma lembrança, um riso nostálgico da certeza de que ele existe, o teatro.
Minha ignorância foi novamente (!) atestada na leitura. Mesmo estudando academicamente três anos, e outros cinco na vida, muita citação eu nem ao menos havia escutado ou lido sobre. E o pequeno ódio quanto a isso torna minha vontade de ir atrás maior. Por que será que com dramaturgos brasileiros eu não tive contado e com “dramaturgos” televisivos da mesma época sim? Pergunta cretina.
Quanto a divisão temática do livro, bom, antipática seria a palavra. Acho descabido títulos “como se faz teatro”, e dentro do capítulo o autor ensinar como acontece entre diretor e ator, por exemplo. Assim como na própria culinária, não há receitas. Há humanos e momentos. E do jeito que foi colocado, pareceu. Essa foi uma breve impressão de uma primeira leitura.
Claro, não podemos fugir da proposta inicial do livro, como o nome da coleção já mesmo indica, de introduzir o ser que ler ao conteúdo temático daquele número, no caso, o teatro. E foi o que aconteceu em muitas partes mesmo! São muitos detalhes e nomes que eu poderia ler todos os anos que seriam sempre novidades para mim.
Sendo a fonte do livro algo não muito explicável de lindo na minha vida, e seu conteúdo lembrança de uma época que me fez ser, não há razões maiores para não gostar de ter a obra aqui pertinho de mim, logo na estante ao lado.

(Ao som de “Tanto mar” 1978).





PEIXOTO, Fernando. O que é teatro. 14. ed. São Paulo: Brasiliense, 2007. (Coleção Primeiros Passos, 10.). 91 p.