Já no início nascemos um de cada vez, mesmo que sejamos gêmeos. O nascimento em si já é o início de algo que nos espera pela vida, a solidão. Ela existe em todos nós, acredito que pela insistente busca pela felicidade, ou por algo que a valha, e que, duramente, nunca é plenamente encontrada.
Digo nunca, por saber que a humanidade se fez mesquinha consigo mesma, tornou suas atitudes em medidas a serem cada vez mais consertadas, e que sabendo de sua razão única na natureza, se faz tão sem razão, tão sem humanidade.
A solidão principalmente daqueles que não acreditam que há salvação por fora, pela tangente, a não ser por suas próprias ações e pensamentos. Essa, talvez, seja mais dura.
Ela pode ser vivida de muitas formas, ou até mesmo ser esquecida no caminho. Mas sempre em algum momento ela surge lá, linda, grande e sempre presente. Resta-nos saber o que fazer com ela. Talvez adquirir uma São Bernardo, e perceber que mesmo vivendo nela e por ela, chega a hora que nem ela nos faz companhia.
RAMOS, Graciliano. São Bernardo. 67. ed. Rio de janeiro: Record, 1997. 219 p.