quinta-feira, 26 de junho de 2008

"eu que controlo o meu guidon"?

Essa não é uma (re)leitura, é algo constante.
Essa obra, para aqueles que a percebem, é interessante.
No meu caso, uma bola de neve de coisas descobertas, vividas, imaginadas, sonhadas.
Ele não é só um CD. Já na capa podemos passar horas - sozinhos - construindo.
Ao abrir o caderninho de letras, damos com um "monte o seu próprio bloco"... aí já começa a depressão. O que poderemos ser realmente?
Músicas como Todo Carnaval tem seu Fim e Mais uma Canção nos levam a um mundo duro se viver, mas lindo de se acreditar e contemplar - para mim, remetem a uma das coisas mais belas e duras que já conheci e que passei a acreditar. Um dia pintarei, de fato, meu nariz. Mesmo que por instantes.
Não tenho como descrever bem o conjunto artístico desse álbum, só entendo ele em seu resultado de persistência de sonho. Há sim como irmos contra ao banal, ao usual, ao fácil - com ou sem suing-. Não que Anna Júlia seja ruim, mas o Bloco trouxe uma diferente forma de se construir música.
Enfim. Melhor que esse CD, só o show ao vivo dele.
"Vaai!" - para sempre, mesmo que não presente.

Marcelo Camelo - voz e guitarra
Rodrigo Barba - bateria
Bruno Medina - teclado, piano e moog
Rodrigo Amarante - voz e guitarra
LOS HERMANOS. Bloco do eu sozinho. Produção: Chico Neves. Rio de Janeiro: BMG, c2001. 1 CD (49 min.)

terça-feira, 17 de junho de 2008

Expedição Transatlântica.



Nunca li um livro tão frio. Sempre me pegava colocando um casaco ao lê-lo.

Em um mundo onde a Guerra era o foco mundial, um grupo de homens decide fazer a grande travessia do continente antártico que nunca fora efetivada. A travessia, porém, não teve importância principal na expedição. O limite humano da vida é o tema, sempre aliado ao imenso esforço do capitão da equipe, Shackleton.

Escrito de uma forma "bestsellerial", é uma leitura leve e interessante, por nos remeter a uma realidade que com certeza não temos muita experiência...gelo, foca, albatrozes, umidade, gelo, pinguim....

Bom para descansar.

LANSING, Alfred. A incrível viagem de shackleton. 2. ed. Rio de Janeiro: Sextante, 2004. 346 p.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

"dos Anjos" (?!!)

A Idéia


De onde ela vem?! De que matéria bruta
Vem essa luz que sobre as nebulosas
Cai de incógnitas criptas misteriosas
Como as estalactites duma gruta?!

Vem da psicogenética e alta luta
Do feixe de moléculas nervosas,
Que, em desintegrações maravilhosas,
Delibera, e depois, quer e executa!

Vem do encéfalo absconso que a constringe,
Chega em seguida às cordas do laringe,
Tísica, tênue, mínima, raquítica ...

Quebra a força centrípeta que a amarra,
Mas, de repente, e quase morta, esbarra
No mulambo da língua paralítica.

Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos (1884-1914).



Pré-moderno, simbolista ou parnasiano... as bobagens constantes nos rótulos literários são realmente um convite a nossa falta de interesse. Bilac não achou tão ruim assim a perda precoce de um autor tão singular naquela nova República.


A vida para Augusto, que de muito augusto tinham seus versos, era algo tão volátil que por vir ela do ser humano, não deveria ser levada na fantasia amável de um belo soneto. Vermes, dicotiledóneas, mitologias, cemitérios, vísceras, fedor...disso tudo se faz a vida, se vive.



ANJOS, Augusto dos. Eu e outras poesias. Porto Alegre: L&pm Editores, 1998. 190p.